Amor
Quisera derramar em sua sombra à boca em frenesi num
libertário sidéreo libertino que as nuances do texto e do pecado impedem, a
saber.
Eram nas fotografias, nas epístolas, nos rolos de filmes.
Alguém está nele passando e passando como num eterno presente do que disseram
ou do queriam dizer quando as palavras, as tuas, não foram encontradas nas
gavetas, nos armários e nas louças e talheres da cozinha onde um brasão antigo
fundia as inicias de teu nome em um trabalho de anagramas.
Onde estavas senão em sonhos vivendo o dilema do amor.
Aquilo que se esvaneci em cada grão da areia da praia.
Noutro lugar, ao tocar e ser compensado. A imagem do amor
juvenil ia pela capa de algum disco, ou de uma música muita esquecida quando
existia um sonho.
O amor estava nas batatas fritas, nos docinhos e no
milk-shake e o cheiro de um apartamento compacto quase a sinestesia de uma
figura de linguagem que um sintoma em si iconoclasta para se tornar uma semiótica
qualquer que o amor titulou e etiquetou.
Era um possessivo, e o agora é oblíquo. Os pronomes não
existiriam sem aquele amor para legitimá-los nas entranhas da vida privada em
ilusões do que um significa ao outro. Casa, família, trabalho, nunca estiveram
juntos quando não se sabe aonde vai, em alguma metáfora que os ligue.